Navegava sem interesse pela internet. O tempo em que o mundo cibernauta o fascinava já à muito tinha passado. Agora só se servia daquele mundo de infinitas possibilidades para conversar com os amigos e para fazer algumas pesquisas supérfluas que nem sequer tinha a certeza de estarem corretas.
Era degradante, ele sabia-o. Era incomparável a um bom livro. Mas ele gostava. Não tanto como de um livro, isso era certo, mas gostava.
Retrocedeu para a página principal. Voltou a ver se ela estava online. Estava. Deveria contar-lhe? Era certo que por aquele meio era muito mais fácil de o fazer, mas não era o mais correcto. Decidiu, ainda assim, meter conversa. Queria chegar-se o mais possível dela, ainda que estivessem assim tão distantes.
Mais uma vez sentiu que aquilo era degradante. Sabia-o. Sabia que nada era o mesmo que conviver pessoalmente. Mas então porque razão não conseguia conectar-se com ela quando a via, mas apenas quando falava com ela por aquele estúpido meio? Como será que antigamente as pessoas o conseguiam fazer? Será que eram imunes à vergonha e à timidez que ele sentia quando ela estava lá? Ou talvez fosse por isso que as cartas de amor foram inventadas.
Tomou uma decisão. Iria ser no dia seguinte. No dia seguinte iria contar-lhe. Restava apenas uma questão. Será que, chegada a altura, teria a coragem de o fazer ou teria vergonha e desistiria de o fazer tal como acontecera de todas as vezes que tomara essa mesma decisão?
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