terça-feira, 4 de outubro de 2011

Despedida

  Dirigiu-se à porta com um passo não muito seguro.
Encostou o dedo dedo à campainha mas não tocou. Teria a certeza que que queria fazer aquilo? Será que era o melhor a fazer?
Trriimm!
Tocou. Naquele momento não tinha a certeza de nada, apenas tinha que lhe dizer.
Ouviu o som de agitação dentro da casa.
Tinha de lhe dizer o que sentia por ela. Tinha que lhe explicar aquele sentimento que ele carregava à tanto tempo.
Ouviu-a a chegar à porta. Ainda pensou em fugir, mas não, tinha de lhe contar. Ela tinha de saber.
Ela apareceu à porta. Parecia surpreendida. Ele rezou para que fosse uma surpresa alegre.
"Alberto, que estás aqui a fazer?"
"Maria, tenho de te contar uma coisa..." Ainda não era tarde para desistir.
"Diz lá Alberto..." Mas não, ela tinha de saber, ele não podia desistir. Simplesmente, não definia a pessoa que ele era. Não podia desistir.
Estendeu-lhe o ramo de flores.
"Maria, eu não sei como ei-de dizer isto. Eu gosto de ti Maria. Amo-te desde que te conheci..."
Ela não pegou no ramo.
"Desculpa Alberto, eu não te quero magoar, mas eu não sinto o mesmo por ti. Tu és um rapaz espectacular, uma das melhores pessoas que eu já conheci mas eu não sinto o mesmo por ti."
"Mas..."
"Desculpa, sabes muito bem que não se podem controlar os sentimentos. Desculpa, a sério, mas eu agora tenho de ir." e com um sorriso afectado despediu-se "Adeus Alberto"
Enquanto a porta se manteve aberta uma réstia de esperança existiu dentro dele.
BAM!
A porta fechou por completo. A primeira lágrima caiu, juntamente com o ramo.
Começou a chover, mas não lhe restavam forças para sair dali. Ou será que era ela que o prendia no mesmo sitío? Parecia-lhe que o mundo ia desabar e que aquele era o único sítio que lhe conferia protecção. Mas se assim era, porque sentia aquela dor, tão forte como nunca antes tinha sentido?
Um rio incontrolável corria-lhe pela cara, e de certa maneira, diminui-a a dor.
Tocou à campainha outra vez. Ela não atendeu. De certa maneira, ele já esperava isso.
E, de repente, a chuva acalmou. Aos poucos e poucos o sol substituiu as nuvens negras. O rio incontrolável era agora um mero ribeiro, que, inevitavelmente, acabará por secar.
Finalmente conseguiu libertar-se daquele sítio malvado e ao mesmo tempo bondoso.
Pensou em deixar o ramo de flores. Afinal tinha-as comprado para ela.
Não, estava na hora de o oferecer a outra pessoa.

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