segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ler

    Procurou a posição mais confortável no puff que os pais lhe tinham comprado pela altura do seu aniversário. Abriu o livro. Sabia estar prestes a entrar num mundo fantástico que só ele controlava. Mal podia esperar.
    Demorou-se um pouco a encontrar a página em que, com uma força incrível, tinha parado de ler. Não usava marcadores. Tirava um pouco da magia à leitura. Gostava de poder procurar pela página onde tinha ficado, aproveitando para ler um pouco do que já se tinha passado.
    Encontrou a página. Começou a ler. Entrou quase instantaneamente naquele mundo mágico que ele já sabia estar à sua espera. Sentiu a leve brisa na cara, que já era característica daquele paraíso. Voltou a ver os anões, os elfos, os trols e as criaturas que mais o fascinavam, os dragões. Sentiu o cheiro da relva, das árvores, da natureza.
    Tinha noção que não controlava a história, que apenas a seguia. No entanto, podia controlar, até certo ponto, o cenário. O aspecto das árvores, das personagens e dos objectos era tudo produto da sua imaginação, e isso, só por si, era mágico e único. Todos os leitores podiam imaginar a história à sua maneira, e isso era algo que a televisão nunca poderia oferecer.
    E leu, leu, leu e só parou quando a noite caiu e a história acabou.

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